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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Religião e Fuga

Spiritual Bypassing: Quando o Suposto Despertar Espiritual nos Leva à Alienação Cada vez mais nos deparamos com uma ampla gama de promessas sobre caminho ou práticas espirituais que nos permitirão despertar e viver em um perpétuo estado de felicidade, liberdade de dor e expansão da consciência. As opções estão por toda parte e das formas mais diversas: na nossa alimentação, nas leituras, práticas meditativas e contemplativas, orações, yoga e em dezenas de outras práticas, terapias e filosofias. Eu pessoalmente sou uma apaixonada por este assunto, motivada por desentendimentos familiares, comecei conscientemente minha busca espiritual muito cedo, com 7 anos de idade e nunca mais parei. De lá pra cá estudei e pratiquei muita coisa, foram inúmeros retiros, estadias em ecovilas, viagens de estudos para países como Índia, Tailândia, Marrocos e vários outros, as diversas dietas alimentares, práticas físicas e meditativas, os vários cursos que foram do Tarô à física quântica e por ai vai… Nessa jornada conheci muita gente seguindo diversos caminhos e sempre me questionei sobre o limiar tênue entre a conscientização e a alienação que tais práticas podiam nos proporcionar. Há cerca de 4 anos atrás, através de um querido amigo terapeuta e coach integral americano, escutei pela primeira vez sobre o tema Spiritual Baypassing (Desvio Espiritual) e aquela reflexão sobre o tal limiar tênue passou a fazer mais sentido pra mim. Spiritual Baypassing foi um termo criado pelo psicólogo e professor Budista John Welwood para abordar a utilização de crenças e práticas espirituais como forma de evitar lidar com sentimentos dolorosos, feridas não resolvidas, suprimir ou fugir de questões desconfortáveis da vida. Funciona como um mecanismo de defesa e fuga que por ser feito de uma forma “bonita” e de aparência “nobre”, é mais difícil de ser percebido, embora seja muito mais comum do que podemos imaginar. A maioria das pessoas que vive tal desvio espiritual, não se dá conta que isto está acontecendo e nem mesmo as pessoas que convivem com elas percebem. Algumas demonstrações ou sintomas do spiritual bypassing incluem: alienação emocional e repressão, desapego exagerado, enfatizar em demasia o lado positivo, compaixão cega ou excessivamente tolerante, minimização ou negação da própria sombra, ilusão sobre o próprio despertar, visão de que tudo é ilusório incluindo o sofrimento como uma forma de fugir do mesmo, menosprezo ao pessoal ou mundano e desenvolvimento parcial. Em um mundo em que nos encontramos rodeados de dor, estresse, sofrimento e mesquinharias, é, de certo, tentador enxergar nos caminhos espirituais uma resposta para se ver livre de tudo isso. Mas se isso for utilizado como um escapismo, acabamos por nos colocar em uma prisão utópica e alienada e o que era visto como caminho para salvação, tende a se tornar um “vício e perdição”, em outras palavras, uma nova droga. “Quando estamos passando por um spiritual bypass, muitas vezes usamos o objetivo de despertar ou de liberação para racionalizar o que eu chamo transcendência prematura: tentando nos elevar acima do lado cru e sujo de nossa humanidade antes de termos a enfrentado por completo e estarmos em paz com ela”. Welwood – tradução livre O resultado que obtemos acaba sendo o oposto do que esperávamos, pois o desvio não nos distancia apenas de nossa dor ou questões delicadas de nossa vida mundana, como também de nossa autêntica espiritualidade. Gosto muito da forma que o psicoterapeuta integral Robert Augustus Masters aborda o resultado do desvio espiritual dizendo que este “nos distancia da nossa autêntica espiritualidade, nos mantendo em um limbo metafísico, numa zona exagerada de gentileza, bondade e superficialidade”. Só podemos estar realmente livres e despertos quando encararmos e abraçarmos os nossos traumas. A nossa verdadeira liberdade e integração não significa ausência da dor, mas a conscientização e aceitação da mesma. Fonte: http://thesunjar.com/spiritual-bypassing-quando-o-suposto-despertar-espiritual-nos-leva-a-alienacao/

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